Comunicar | Testemunhos
Por: Ricardo Salgado, 34 anos, Engenheiro
O CAMINHO AINDA AGORA COMEÇOU...
"Passaram pouco mais que 5 anos desde que me chamaram a atenção que ia começar uma aula de Tai Chi Chuan no Holmes Place da 5 de Outubro. Estando eu numa fase de transição na minha vida, tendo acabado de me divorciar, fiquei interessado. Queria provar novos sabores, novas sensações, novas emoções, redescobrir do que gostava como indivíduo, para encontrar de novo quem eu era.
Tinha começado um programa intenso de treino e ia já em 8kg perdidos em pouco mais de 4 meses, esta nova sensação também a acrescentar aos novos sabores que estava a provar. Mas confesso que apesar do resultado, pelo qual estava vivamente satisfeito, o método era simplesmente ABORRECIDO.
Passar longas horas em passadeiras e bicicletas que não levam a lugar nenhum, máquinas de movimentos limitados e aulas de grupo que são apenas iguais as si próprias, esgotando a novidade ao fim de 3 ou 4 sessões, renovando-se a cada época com a mudança de algumas músicas e da sequência dos exercícios, só para tentar afastar o tédio absoluto...
Para algumas pessoas, esta regularidade, esta "mesmisse", é aceitável ou mesmo até desejável (talvez um sintoma de Asperger??), mas para mim é uma tortura. Quem me conhece pode confirmar, pedir-me para fazer 3 vezes seguidas a mesma coisa da mesma maneira é castigar-me. Só o faço por terapia, como um treino para me levar além dos meus limites.
A minha primeira aula de Tai Chi foi então como uma lufada de ar fresco. Tão novo e belo, nos breves 60 minutos que durou dando a vislumbrar um mundo de coisas novas para descobrir, sem fim à vista, como o atirar duma pedra para dentro de uma caverna que vamos explorar e não a ouvir tocar no fundo. Estava fisgado e nada me poderia afastar de querer descobrir muito mais...
Tinha falhado a primeira aula do Holmes Place da 5 de Outubro (experimentei no dia seguinte no Clube da Defensores de Chaves), mas nada me podia agora impedir de descobrir mais. Queria saber o que vinha a seguir, como era este movimento, como era aquela posição, o que era aquela deslocação.E foi nessa sede de saber mais que o Inácio me convidou primeiro a experimentar uma aula de Kenjutsu. Será provavelmente escusado dizer que essa primeira aula foi também uma revelação, mostrando mais um novo mundo para descobrir.E quando o convite surgiu para formar a primeira turma de Jiseibudô do Holmes Place surgiu, nem sequer pestanejei: um "SIM" sonoro saiu-me antes de ter tido tempo de pensar nele.
Com o tempo, fui descobrindo como todas estas práticas se juntam como pilares de uma disciplina mais profunda, de um caminho sem fim para nos levar mais além de nós próprios, afectando não só o nosso corpo e as suas capacidades, mas também, e até mais importante, afectando a forma como nos comportamos e do que somos capazes emocional, social e intelectualmente.
O caminho para mim ainda agora começou e já lhe devo tanto.
Obrigado Inácio-sensei, por me mostrar este meu caminho.»
Ricardo Salgado, 2011.